domingo, 26 de maio de 2024

A TESTOSTERONA, LÚCIA E O VIOLENTO CARLÃO

 Eu tinha dezoito anos.  Lá se vão muitos  decênios, se considerarmos que nasci em 1958.    Acontece que a idade é a fase da explosão de testosterona, e a Lúcia era uma moça bonita e muito sensual, que as pessoas tachavam de "meio doidinha" e com quem sempre quisera eu ter um "affair", uma coisa mais íntima, como aliás todos os homens do bairro.

Num fim de semana abordei-a, conversamos, chamei-a para um lugar discreto (cadê dinheiro pra motel?), e ela prometeu que iria depois de nos abraçarmos e beijarmos muito defronte a uma casa muito movimentada.  Não entendi bem, mas topei -- o que tinha a perder?

Fiquei a cobrar-lhe a ida a um lugar mais discreto, mas a gata pedia insistente e incessantemente:

--Me beija, colega! Me abraça, colega!

Atendi com presteza, embora quisesse muito mais do que aquilo.

A certa altura do nosso, digamos assim, encontro, ela me contou:

--Esse pessoal aí da frente é todo parente do Carlão.

--Carlão? -- indaguei.

--É -- elucidou a Lúcia -- um taxista que eu namorei e desmanchou comigo ontem. -- Seguiu: -- Eu trouxe você aqui pra fazer ciúmes a ele.

--Mas que besteira! -- pensei comigo.

Então a moça prosseguiu:

--Amanhã ele vai ficar sabento.  Duvido que  não vai te procurar pra encher de porrada.


Barão da Mata


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