Eu tinha dezoito anos. Lá se vão muitos decênios, se considerarmos que nasci em 1958. Acontece que a idade é a fase da explosão de testosterona, e a Lúcia era uma moça bonita e muito sensual, que as pessoas tachavam de "meio doidinha" e com quem sempre quisera eu ter um "affair", uma coisa mais íntima, como aliás todos os homens do bairro.
Num fim de semana abordei-a, conversamos, chamei-a para um lugar discreto (cadê dinheiro pra motel?), e ela prometeu que iria depois de nos abraçarmos e beijarmos muito defronte a uma casa muito movimentada. Não entendi bem, mas topei -- o que tinha a perder?
Fiquei a cobrar-lhe a ida a um lugar mais discreto, mas a gata pedia insistente e incessantemente:
--Me beija, colega! Me abraça, colega!
Atendi com presteza, embora quisesse muito mais do que aquilo.
A certa altura do nosso, digamos assim, encontro, ela me contou:
--Esse pessoal aí da frente é todo parente do Carlão.
--Carlão? -- indaguei.
--É -- elucidou a Lúcia -- um taxista que eu namorei e desmanchou comigo ontem. -- Seguiu: -- Eu trouxe você aqui pra fazer ciúmes a ele.
--Mas que besteira! -- pensei comigo.
Então a moça prosseguiu:
--Amanhã ele vai ficar sabento. Duvido que não vai te procurar pra encher de porrada.
Barão da Mata